[Por Padre Léo, confiram seu blog http://leonardowagner.wordpress.com]
Lá vem de novo aquela perguntinha retórica… Claro que sim – você me responde – mas qual é o problema dessa vez?
Calma. Talvez você esteja certo. Realmente quero acreditar que a maioria das pessoas sabem receber a Eucaristia. Na verdade, é a coisa mais fácil do mundo: coloque a mão direita debaixo da esquerda e, diante do sacerdote ou ministro extraordinário, olhe quando ele apresentar “o Corpo de Cristo” e responda amém.
Simples, não?
Bom, existe também outra forma, mais tradicional (embora não seja a mais antiga em se tratando da história da Igreja como um todo), que é receber a hóstia diretamente na boca. Nesse caso, como é obvio, você não coloca a mão para receber, mas simplesmente… abre a boca! Sem esquecer de dizeramém antes!
Fácil. Totalmente compreensível até para as crianças do catecismo que, aliás, na minha opinião, são as que menos erram. Porém, meus queridos leitores, além desses dois únicos modelos de receber a Eucaristia, o povo criou outros inumeráveis. Obviamente TODOS errados!
Quando eu era adolescente, conheci um padre que dizia já ter contado 16 modos diferentes, além dos dois acima citados, de receber a comunhão. Eu não fiz as contas, pois são tantos os que já contei que não caberiam aqui (ficaria um texto muito enfadonho…), mas, com certeza, ultrapassam em muito a conta do velho sacerdote.
Vamos nos divertir um pouco? Quais são essas maneiras erradas de comungar?
- Não dizer amém após o padre ou o ministro extraordinário apresentar a hóstia e dizer “o Corpo de Cristo”.
- Dizer amém antes disso.
- Dizer amém duas ou mais vezes (acredite, isso acontece mesmo…).
- Repetir o que o padre diz e falar junto com ele “o Corpo de Cristo, amém”.
- Beijar a hóstia antes de comungar.
- Sair da frente do sacerdote (ou ministro) com a Eucaristia ainda na mão.
- Sair de ré derrubando os outros que vêm atas.
- Dizer outras coisas além de amém. Por exemplo: “graças a Deus”, “glória a vós Jesus”, “te amo Senhor”… etc. Tem erros também da parte do padre. Um dia quando eu era leigo, o padre me deu a hóstia e, em vez de dizer “o Corpo de Cristo” ele disse: “depois eu quero falar com você…”
- Pegar a hóstia com dois dedos, como que “pinçando”. Essa é clássica. Muita gente faz isso e às vezes porque foram orientadas erroneamente a fazer assim.
- Vir com as mão como se fosse para receber e abrir a boca. Afinal, o que você quer mesmo?
- Colocar as mão baixo demais, na altura da barriga. Às vezes as crianças fazem isso, mas também os adultos, como se eu fosse entregar para o umbigo.
- Vir conversando na fila, saudando as pessoas, olhando para os lados, rindo, sem prestar atenção ao momento sagrado que está acontecendo.
- Abrir só uma brechinha da boca para o padre acertar como se fosse uma ficha em máquina de refrigerante ou cartão telefônico. Algumas vezes enfiei a hóstia entre as gengivas e os dentes da criatura que teve preguiça de abrir a boca…
- Lamber os dedos do padre… eca!
- Ficar longe demais fazendo com que o padre tenha que esticar o braço ou dar um passo à frente para dar a Eucaristia.
- Furar a fila. Essa é boa, até fila de comunhão o povo quer furar…!!!
- Vir com as mãos sujas. Já coloquei Jesus em cima de muitos números de telefone.
- Vir com terços, papel de cânticos ou outros objetos ocupando as mãos.
- Colocar a mão direita em cima da esquerda. Esse é um gesto discreto e disfarçado de comungar com os dedos. Parece que se tem preguiça de tirar a mão de baixo para pegar a hóstia depois. O brasileiro tem “jeitinho” pra tudo.
- Abraçar os dedos da mão esquerda com a mão direita por baixo. Estranho? Vá dizer pra quem inventou…
- Fazer uma reverência na hora que o padre apresenta o Corpo de Cristo. Nada contra os atos de devoção, o problema é que se você apresentar a hóstia e a pessoa em vez de responder, mostra os cabelos é, no mínimo, muito esquisito. Se você quiser fazer uma reverência, deve-se fazer antes de chegar a sua vez.
- Colocar as mãos de modo correto, mas não deixar que se coloque a hóstia na mão querendo pegá-la antes. Essa também é clássica.
- Dizer amém com a hóstia na boca. Sua mãe nunca lhe ensinou que é falta de educação falar com a boca cheia?
- Não prestar atenção se ficou algum fragmento da Santíssima Eucaristia na sua mão. Essa é grave!
- Se benzer depois de receber a hóstia.
- Se benzer com a hóstia na mão, o que é pior ainda!
- Falar com o padre ou com o ministro alguma coisa que não sejaamém. Essa é o contrário daquela que aconteceu comigo.
- Sair cortando a fila pelo lado errado. Essa é irritante. A pessoa recebe a Eucaristia do lado direito (quando são duas filas) e quer voltar pelo lado oposto, passando pela frente do sacerdote, atrapalhando a fila do lado, é uma confusão. Se fosse ao trânsito era batida na certa!
- Colocar a hóstia na boca com a mão e não com os dedos. Por mais horrível que pareça, isso não é raro. Muita gente faz dessa forma, em vez de pegar a eucaristia com os dedos da mão direita (que está embaixo da esquerda) leva a hóstia à boca na palma da mão, como quem engole um comprimido, sei lá… nem sei comparar.
Já soube de um ministro extraordinário da comunhão que colocava várias hóstias na mão e ficava distribuindo como se fossem fichas. Horrores à parte, o que vale é sempre termos atenção para fazermos tudo com dignidade e respeito que é devido à Santa Eucaristia.
Uma observação importante: de modo algum alguém é proibido pela Santa Sé de comungar de joelhos ou usar o tradicional véu sobre a cabeça, no caso das mulheres. Não é mais a forma ordinária, normal de comungar, mas nem por isso é proibido como querem dizer alguns.
Quando a reforma litúrgica, a partir do Concílio Vaticano II optou por se receber a comunhão na mão e de pé, não estava introduzindo uma “novidade modernista” de sabor “protestantizado”, mas sim retomando a tradição mais antiga da Igreja, desde os primeiros séculos, em que se comungava assim. Estar em pé, na liturgia, significa desde os primórdios estar ressuscitado com Cristo. De fato, o vocábulo bíblico levantar é o mesmo usado para ressuscitar. Na tradição litúrgica antiga, por exemplo, era proibido ajoelhar-se no tempo pascal, para reforçar esse simbolismo de que, pelo batismo, nós ressuscitamos com Jesus para uma vida nova.
Portanto, comungar na mão, com o devido respeito que a liturgia exite, não diminui a Eucaristia, mas pode nos dar o sentido de que somos mais que servos, somos amigos e filhos de Deus.
Comungar de joelhos, por sua vez, evidencia a reverência e a adoração que são devidas a Deus. É uma tradição também muito antiga (embora não tanto quanto comungar de pé) e talvez a maioria dos santos que conhecemos tenha comungado sempre assim na sua vida. Em suma, as duas formas estão certas e uma não exclui a outra. Só uma observaçãozinha a mais: se você for comungar de joelhos, seja prático. Aí vão alguns erros dessa forma de comungar:
- Fazer genuflexão com um joelho só. Não invente! Se vai comungar de joelhos, faça certo: ajoelhe-se com os dois joelhos. Diga amém em voz alta e receba a hóstia na boca.
- Ajoelhar-se sem ter forças para levantar. Já teve gente que se agarrou na minha túnica para não cair! Se você não consegue mais se ajoelhar e levantar sozinha, assuma a idade e o peso! Comungue de pé.
- Receber a comunhão de joelhos e na mão. Isso é errado. Ou um rito ou outro, a comunhão na mão se recebe de pé.
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